“Tentamos lembrar nossas maiores provações, mas pareciam tão pequenas em comparação com o peso eterno de glória mui excelente que nos rodeava, que nada pudemos dizer-lhes, e todos exclamamos - "Aleluia! muito fácil é adquirir o Céu!" - e tangemos nossas gloriosas harpas e fizemos com que as arcadas do Céu reboassem.” (Vida e Ensinos, pág. 61)
“Como foi fácil chegar aqui” é uma frase estranha aos que buscam justificar a salvação através das obras. Os que forem salvos verão que não foi preciso fazer aquilo que não gostam para estarem na Nova Terra e logo perceberam que foi ao amar a Deus e ao fazer aquilo que agrada a Deus que demonstraram que já estavam salvos.
Somos salvos pela Graça de Cristo. Isso é presente imerecido. Éramos inimigos de Deus (Tiago 4:4) mas Ele nos redimiu para nos chamar amigos (João 15:14-15). As boas obras aparecem como resultado natural na vida de um Cristão que entende a Obra da Redenção.
O texto bíblico nos conta que Deus dará a cada um segundo as suas obras(Jó 34:11; Salmo 28:4, 62:12; Apocalipse 22:12). O texto deveria criar em cada um de nós um sentimento de auto-análise e felicidade visto que Deus não é injusto e que só quer o nosso bem. Infelizmente, o resultado não é esse. O que se cria é uma espécie de pregação do terror, onde pessoas mostram ter medo do dia do juízo e que, por conta disso, passam aos outros este medo ao pregar que devemos ser “perfeitos”, sem pecado algum, buscar a impecabilidade[1]. Vivem uma “outro-análise”. Buscam erros em outras pessoas ora para lhes atribuir alguma condição desfavorável se comparados entre si, ora para dar uma levantadinha no ego.
Cristo é o nosso exemplo para um padrão de vida e nosso Mestre. Ele ensinou como tratar os outros. Foi severo com os que não sabiam fazer a auto-análise e buscavam apenas a “outro-análise”. Os fariseus tinham muitas desculpas para tentar esconder os seus erros mas Cristo tinha conhecimento da vida dupla desses que pretendiam uma posição elevada e, como resultado disso, a infalibilidade. Os fariseus não mediam esforços para se fazerem juízes de seus irmãos, lhes atacando com duras palavras de repreensão e poucas palavras de apoio. O Mestre buscou lhes ensinar a maneira correta de lidar com os que erram.
Misturando-se com as multidões, apesar da compaixão que tinha por todos e do bem que sempre fizera, foi chamado de “glutão” e “beberrão”. Havia um preconceito entre os “infalíveis” e o povo. Aqueles que pensavam ter uma posição exaltada não se misturavam com outros alegando que estes, menores aos seus olhos, não poderiam se juntar a eles que eram limpos. “e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo”(Mateus 20:27) foi a frase de Cristo. Em outra situação disse: “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.” (Lucas 14:11). Cristo estava ensinando que não há maior ou menor no Reino de Deus mas, pura e simplesmente, filhos de Deus. Um único grupo, sem hierarquia, sem “maiores e menores”, pois todos aprenderam que quem quiser ser servido deve servir e, assim, todos serviam a todos, mutuamente.
Num mundo egocêntrico, que busca tanto exaltar uns e diminuir outros, parece impossível essa tarefa. Infelizmente vivemos em um mundo de pecado que sequer sabe o que é bom para si mesmo. Mas Deus sabe! E por isso mesmo nos deixou a Bíblia para nos ensinar a forma correta de viver. Quanto ao trato aos outros Deus nos deu ordem:
“Honra teu pai e tua mãe, não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho contra o teu próximo, não cobiçarás”(Ex. 20:12-17)
E, muito tempo depois de apresentar esta lei em tábuas de pedras, a resumiu dizendo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus 22:39).
A Bíblia nos ensina, a cada instante, que devemos buscar melhorar nosso caráter. Ela nos trata de modo pessoal. Não é um livro que foi escrito apenas para uma pessoa. Foi escrito para testemunho à humanidade! Se eu leio o que ali está escrito, não devo ler buscando algo que deva falar a alguém mas buscando algo que me transforme o caráter buscando o caráter digno da Nova Terra. Ao ler a Bíblia devemos ser mudados e não buscar textos para mudar outros. Lembre-se: “Auto-análise” sim. “Outro-análise” não.
Que Deus te abençoe!
[1]Impecabilidade é o termo usado para classificar a idéia de que uma pessoa pode parar de pecar hoje e nunca mais pecar.
