- Têm um propósito;
- Todo Cristão tem pelo menos um dom;
- Quem concede o Dom é o Espírito Santo;
- O tipo de Dom é escolhido pelo Espírito Santo;
- Algumas pessoas têm mais de um Dom;
Algumas mentiras sobre os Dons Espirituais:
- Todos podem ter um determinado tipo de Dom;
- Se você pedir, Deus te dará um determinado Dom;
- Servem para exaltar o possuidor do Dom;
- Só quem tem Dom é Cristão verdadeiro;
O propósito do Dom é evangelístico. Nenhum Dom é dado senão para cumprir a grande comissão divina que podemos ler em Marcos 16:15 que diz “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” e vemos também em Atos 1:8 o seguinte texto: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.
Como lemos na primeira carta de Paulo à igreja de Corinto, quem concede o Dom é o Espírito Santo conforme lhe apraz.
1 Cor.12:4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.
1 Cor.12:5 E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo.
1 Cor.12:6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.
1 Cor. 12:7 A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.
1 Cor. 12:11 Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.
À igreja de Corinto não faltava um único dom (1 Co 1:4,7). Infelizmente, disputavam eles entre si, à semelhança de crianças, a respeito de qual dom era o mais importante. [1]
Em Romanos 12, Paulo relaciona os seguintes dons: profecia (elocução inspirada, proclamação), ministério (serviço), ensino, exortação (encorajamento), dom de dar (compartilhar), liderança e misericórdia (compaixão). Tal como em 1 Coríntios 12, ele finaliza a análise com o princípio-mor do cristianismo – o amor (Rm 12:9)
Dons Espirituais não são a recompensa por um trabalho bem feito, são antes as ferramentas para se fazer bem o trabalho. [2]
Alguns pensam que um Dom ou outro é algo enlatado e que após muito pedir, muito clamar, muito chorar buscando resposta divina, esse dom é concedido. O dom vem para que um trabalho seja realizado e não após muita ação em busca de um determinado dom.
Por isso surge o termo “Unidade na diversidade”. Deus não espera uma unidade de Dons. Ele não espera e nem trabalha com o homem de modo que todos tenham o mesmo dom. Como já vimos, há diversidade de dons e serviços mas quem opera isso em nós é Deus e não a nossa vontade. Esse é o plano de Deus, que haja unidade na diversidade.
Na medida em que “decidimos não reconhecer (ou simplesmente negligenciar) desenvolver e exercitar nossos dons, a igreja passa a ser menos do que poderia ser. Menos do que Deus pretendia que ela fosse”. [3]
Se alguém se recusa a empregar o dom que recebeu, seja pelo motivo que for, ele está simplesmente negligenciando a obra que Deus espera que ele faça para o avanço do Evangelho. Por isso Jesus propôs a parábola dos talentos onde disse que um senhor iria se ausentar para muito longe e por longo período e, por conta disso, confiou 5 talentos a um servo, 2 talentos a outro e 1 talento a outro e apenas aquele que recebeu 1 talento não fez nada com o que recebera. Este foi chamado de servo “mau e negligente”. Do mesmo modo, se alguém recebeu um dom e negligencia esse dom, este será classificado pelo grande Juiz juntamente com os malfeitores.
É importante que creiamos que Deus nos concedeu pelo menos um dom para ser utilizado em Seu serviço. [4]
Se não pudermos crer que Deus nos deu pelo menos um dom para a pregação do evangelho, não podemos, sequer, reconhecer que Deus nos chamou do mundo para viver como Seus servos. Todo cristão nasce um missionário! Todo cristão, ao reconhecer o tamanho da obra redentora e tudo o que Cristo fez por ele, não terá outra vontade senão a de proclamar aos quatro ventos quem é o Salvador crucificado, ressurreto e prestes a vir!
Nós não podemos usar o Espírito, mas Ele deve servir-Se de nós, pois é Deus quem opera em Seu povo “tanto o querer como o realizar” (Fp 2:13), e o fará segundo a Sua boa vontade. [5]
Como falei há alguns parágrafos acima, nós não podemos pensar que ao pedir determinado dom ao ponto de chorar em busca de tal dom, Deus ouvirá e nos responderá. Não somos nós quem usamos o Espírito Santo conforme nos apraz. É o Espírito Santo quem nos usa da maneira que melhor Lhe parece! Do mesmo modo, não é por que alguns pensam que, por se reuniar e clamar, o Espírito Santo "descerá" em algum lugar. Alguns fazem até propaganda dizendo "venha a tal lugar e receba o espírito". Não é assim que funciona e nem é assim que a Bíblia ensina.
Uma vez que Deus concede os dons para a edificação de Sua igreja, deveríamos esperar a confirmação final de nossos dons a partir do julgamento do corpo de Cristo, e não a partir de nossos próprios sentimentos. [6]
Alguns pensam que, para saber se obtiveram graça divina e receberam um dom, o ponto chave para o reconhecimento disso seja o sentimentalismo. Não é “sentindo” que sabemos que Deus está usando alguém. Não é por causa de êxtase ou seja o que for.
Gostaria de adicionar algumas informações ao que já falei sobre o Dom de Línguas. Se você quiser ler mais é só clicar aqui.
Em 1 Coríntios 14:2 lemos o seguinte:
2 Porque o que fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios.
As palavras gregas para “fala” e “língua” são “laleo” e “glossa”, respectivamente.
Laleo significa emitir uma voz ou um som; falar; usar a língua ou a faculdade da fala; emitir sons articulados; conversar; anunciar, contar; usar palavras a fim de tornar conhecido ou revelar o próprio pensamento; falar.
Glossa significa língua como membro do corpo, órgão da fala; língua; idioma ou dialeto usado por um grupo particular de pessoas, diferente dos usados por outras nações.
Veja que é o que fala(laleo) língua(glossa). Fala, anuncia, se faz entender, através de uma língua, um dialeto usado por um grupo particular de pessoas. Não existe qualquer espaço para se entender que essa língua é uma língua desconhecida e que essa língua ninguém possa entender visto que é uma língua celestial, ou de anjos. Em realidade, ao dizer que ninguém entende o que fala, Paulo está falando daqueles que não falam um outro dialeto, uma outra língua. Se um pregador vier dos EUA para o Brasil e alguém não souber falar inglês, o pregador americano falará e só ele entenderá pois o que dirá será um mistério aos que ouvem e não podem entender.
Mas se deixarmos o significado de glossa de lado, acabamos em um outro impasse. O verso 3 do mesmo capítulo 14 de 1 Coríntios tem o seguinte texto:
3 Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando.
A palavra traduzida neste texto por “fala” é a mesma do verso 2! Sim, a palavra “laleo” aparece aqui mais uma vez. Agora, se o “laleo” do verso 2 é falar algo que não se entende, por que o “laleo” do verso 3 é falar algo que se entende e que edifica a igreja (v. 4)?
Alguns pensam que por “falarem em línguas” (referindo a glossolalia) são especiais ou escolhidos de Deus. É longe disso, como já vimos acima. TODOS recebem pelo menos UM dom de Deus ao se entregarem a Ele. Todos os que se entregam a Deus são Seus escolhidos para pregar o evangelho conforme a Grande Comissão.
Outros pensam que são especiais por terem “dons de cura” ou seja qual dom for. Não se deixe enganar. Dom não torna alguém mais especial que outra pessoa. E se alguém pensa assim, está usando o dom para se exaltar e não para exaltar O Doador do Dom. Já está usando o Dom de forma errada. Como já vimos, todos recebem pelo menos UM dom de Deus ao entregar suas vidas a Ele. Assim, todos somos especiais.
Que Deus te abençoe.
[1] Nisto Cremos, “Dons e Ministérios Espirituais”, CASA, p. 268.
[2] ibidem, CASA, p. 271.
[3] Dom Jacobsen, “What Spiritual Gifts Mean to Me”, Adventist Review, 25 de dezembro de 1986, p. 12
[4] Nisto Cremos, “Dons e Ministérios Espirituais”, CASA, p. 274.
[5] ibidem, CASA, p. 274.
[6] ibidem, CASA, p. 274-275.
