20 janeiro 2011


Terça-feira, dia 11 de Janeiro de 2011 foi um dia triste para a Região Serrana do Rio de Janeiro. Em apenas nove horas choveu o que era previsto para todo um mês, segundo estimativas. A chuva, que começou na noite da segunda-feira, já prometia transtornos. A luz acabou na cidade naquela noite de segunda-feira mas voltou na manhã seguinte. Na noite de terça-feira, voltou a chover e a acabar a luz na cidade. A esperança era que a luz voltasse no dia seguinte mas a única luz que se via na madrugada de terça para quarta era a luz dos relâmpagos que cortavam o céu. A madrugada foi desesperadora e logo começou aquilo que, em poucas horas, viraria noticiário em várias regiões do país. Deitado estava em minha cama quando ouvi um estrondo e gritos de socorro. Logo em seguida a vizinha da frente grita minha mãe de forma desesperada e então chama a minha irmã para avisar que um buraco havia se formado em frente a minha casa.

Escuridão e terror escondiam revelações futuras que fariam daquela situação um nada. Amanhecia e logo começamos a desconhecer montanhas ao nosso redor. Árvores não estavam em seu lugar habitual que agora estava revelando uma área de barro e troncos de árvores caídos e quebrados. Em outro lugar, casas de conhecidos haviam desaparecido. Mais a frente um caminho para o centro da cidade era um rio de mais de um metro de altura. Era preciso pedir socorro, ajuda! Peguem os celulares! Em vão. Não havia sinal de qualquer operadora, as linhas dos telefones fixos estavam mudas. Sem luz, água, comunicação; perdíamos a noção de ter o mundo em nosso quintal para observar a realidade de que o planeta não é tão pequeno quanto a mídia tenta ensinar.

Vizinhos começam a se encontrar em busca de informações. Notícias tristes chegam aos nossos ouvidos e as lágrimas brincam de escorrer pelo rosto dos aflitos. Amigos! Onde vocês estão? Escondidos? Infelizmente não. Soterrados. E o coração dói! Eu não quero dizer adeus ainda! Mas sou forçado a fazê-lo. Surgem as vozes que perguntam "por quê?" por todos os lados. Quem há que responda? Alguns argumentam que nessas horas não se pergunta "por quê?" mas "pra quê?". Será Deus um masoquista que goste de sofrer vendo sua criação ser desfeita? Será Deus um tirano que goste de fazer esse tipo de coisas com algum propósito sórdido? Aprendi com o Pr. Odaílson no Rio AcampJovem de 2009 que a real pergunta é "até quando?". Até quando continuaremos a ver situações parecidas para acordarmos da nossa estagnação, do nosso egoísmo, de nossa falta de compaixão, da falta de altruísmo? Até quando pessoas precisarão morrer para Deus ser chamado? "Ai meu Deus!" é a exclamação na boca de alguns que negavam a existência dEle.
Meu pai entre os ônibus com o micro sobre o qual dormiu na direita
Saí de casa. Precisava saber se amigos e conhecidos estavam bem! Precisava ir atrás de meu pai! Que terror foi ver que meu pai quase foi levado pela água. Dormiu sobre um microônibus com a água chegando perto do teto do dito cujo. Louvado seja Deus por ter encontrado meu pai bem. Mas não posso continuar louvando sabendo que há pessoas sofrendo. Começo a encontrar amigos e conhecidos e de quase todos ouço que estão bem e protegidos mas ouço que uma conhecida perdeu um filho de aproximadamente 8 anos. Outros perderam casa e todos os bens. E quanto mais eu andava, mais destruição via. E mais ainda o coração apertava. Carros empilhados, caminhão que foi arrastado para o rio, banca de jornal que foi parar metros adiante, pontos de parada de ônibus que estavam na beira do rio despencaram, sem falar nas várias casas que caíram.



Logo uma situação terrível é vista: Pessoas apavoradas saem para as ruas com seus carros para fugir do perigo e (penso que não tenham pensado nisso) atrapalham o resgate pois congestionam o trânsito que já está ruim em vista das encostas que caíram. Em outras partes, pessoas arrombavam portas de mercados para saquear mercadorias em minha frente. Noutra parte, um maço de cigarro é tirado da água lamacenta por um cidadão. Quanta falta de amor! Os olhos marejam e quase uma lágrima escorre mas preciso seguir adiante.

Ao chegar no Centro da cidade um boato é confirmado: Uma encosta caiu sobre um prédio o derrubando matando mais de 100 pessoas e alguns bombeiros. Não sei o número certo de bombeiros pois o número era relatado sendo de 3, 4 e 8 bombeiros. A tristeza foi saber que, independente do número, um tio estava entre os bombeiros que também morreram.

Alguns dias já passaram. No primeiro dia a cidade inteira estava sem luz. No segundo dia a luz foi restabelecida no Centro da cidade e em outros bairros próximos assim como alguns meios de comunicação. No terceiro dia alguns meios de comunicação já funcionavam como os telefones fixos e celulares assim como a internet. Em todos estes dias, muita destruição foi vista e uma grande mobilização das forças militares também. Na cidade estão presentes a Polícia Civil, Polícia Militar, os Bombeiros, a Marinha, o Exército, o BOpE, a Defesa Civil e outras forças voluntárias que estão ajudando de toda forma possível.

Toda ajuda é muito bem vinda. Falo do que sei: A Igreja Adventista do Sétimo dia já se organizou e já enviou ajudas para as cidades serranas. Em Nova Friburgo chegaram alguns que vieram da ARF(Associação Rio Fluminense) e já soube que dos EUA vem uma ajuda de 100 mil dólares além de mantimentos e roupas. Muitas doações já chegaram e toda essa ajuda é enviada pela ADRA (Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) que pertence a Igreja Adventista do Sétimo dia.

A IASD está sempre presente em situações de ajuda. Em Janeiro de 2010 estavam no Haiti onde um Hospital Adventista não teve problemas com o terremoto e recebeu muitos feridos e os ajudou, em Janeiro de 2011 é a vez da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Uma Igreja levantada por Deus para levar esperança para a humanidade nesses tempos finais o faz através da pregação da palavra e também da ajuda assistencial e humanitária.

Para saber mais sobre a IASD, você pode acessar alguns sites. A relação segue abaixo:

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